quarta-feira, março 30, 2011


Uma breve história...

Ela era meiga, doce e gentil. Amável sempre e muito, muito educada!
Ouvia coisas ruins, mas ela nem sabia o que significavam, as vezes chorava, mas sua vontade de brincar e se distrair eram maiores, as vezes até queria saber o que significavam as pedras lançadas contra ela, mas não tinha coragem de perguntar ou não lembrava.
Cresceu um pouco e sua meiguice lhe fez uma boa amiga, foi construindo castelos, sonhos doces, sonhos que as crianças doces sonham todos os dias, acreditou em príncipes, acreditou que ele apareceria e que seria o seu primeiro e único amor. Ouviu mais um pouco de maldade, mas ainda tinha o coração puro.
Depois passou a entender as palavras, só não entendia o motivo pelo qual elas lhe eram atiradas, conheceu a maldade do ser humano. Cresceu mais, tornou insuportável ser espezinhada sem espezinhar. Então conheceu o gosto daquelas palavras que lhe eram ditas, era amargo e não fazia bem, mas ela precisava revidar, precisava se defender e a partir dai começou sua construção.
Ainda amável viu uma tempestade se aproximando e derrubando seus castelos, seus sonhos de criança não eram reais, nem todo mundo era como ela, e agora?
Ela já tinha feridas demais, dores demais para sua idade. Não queria mais sofrer, não queria mais feridas, nem lágrimas e nem sentir o gosto amargo das palavras más. Criou uma fortaleza e se trancou, lá ficou dias e dias. Lembrava da infância inocente, lembrava de sua bobeira, de sua doçura. Todos em volta diziam: “Ela era tão doce quando criança...” Ela chorava, se encolhia em sua cama querendo simplesmente entender o que sentia. Era ruim, sufocante, completamente desconhecido, então ouvindo mais uma vez palavras ferinas ela conheceu o ódio!
Depois de mais um tempo alguém, ou melhor alguéns, lhe mostraram que ainda tinha uma chance para sorrir de novo. E ela sorriu!
 E depois chorou outra vez. Alguns se foram, na verdade ela os expulsou. Com desprezo e raiva expulsou a falsidade e a hipocrisia de seu convívio.
Tinha marcas para uma vida inteira, resolveu não chorar mais. Sua muralha estava erguida firme e forte.
Mais uma vez o ódio lhe rasgou o coração. Dessa vez não foi uma tempestade, foi um diluvio, mas ela já não sabia mais chorar. E nem poderia. Precisaria consertar um coração, enxugar muitas lágrimas, acordar muitas noites e descobriu ser mais forte, bem mais forte do que podia imaginar.
Em uma noite percebeu que a garotinha meiga, doce e gentil havia desaparecido. Ela era, agora, uma moça cheia de amargura, ressentimentos, tristezas e ódio. Ela não queria ser daquele jeito, ela era mais do que isso.
Resolveu voltar a vida como nunca vivera antes.
Alma de uma criança, uma criança serelepe e que simplesmente adormeceu, mas estava pronta para despertar. Risonha, moleca e sagaz. Resolveu sorrir sempre, essa seria sua muralha. Sabia que nunca mais confiaria como antes, jamais sonharia como antes, mas queria descobrir as coisas a partir de uma nova perspectiva.
Sua meiguice foi resumida a momentos onde seu coração gritava a amor pelos seus amados, então ela sai do orgulho e diz ou demonstra um singelo e tímido “Te amo”. A gentileza é dirigida a quem merece, a quem não merece educação é suficiente. A doçura ela acredita ter-se perdido de vez. O amor, ela também havia deixado de acreditar no amor. Mas no seu coração ela ainda ama acreditar que ele existe, que vai encontrar sim o seu príncipe, que não será o primeiro, mas isso, hoje ela sabe, não é o mais importante. Existem coisas mais importantes!
E hoje ela vive, tal como uma criança. Não é mais uma, mas descobriu que a vida é mais fácil se ela pensar que é!!

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1 comentários:

Jéssica Rocha. disse...

Nossa, quase chorei...Escrevi uma coisa parecida esse ano na minha agenda...Espero que a menina amável que há dentro de todas nós não desapareça, por mais que apareçam pessoas desejando o contrário. E que ela seja feliz, independente de qualquer coisa =) Beijão Néh=* Melhora logo desse dodói.

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